terça-feira, 25 de abril de 2006

25 de Abril de 2006

Embora sem ter planeado o meu programa para o feriado, dei por mim no local onde tudo se passou há 32 anos, Lisboa. O passeio em família, levou-me a locais emblemáticos como a praça do Comércio, Mosteiro dos Jerónimos, Centro Cultural de Belém, a partir do qual me dirigi ao almoço, ouvindo pelo caminho o discurso do Presidente da República através da Antena 1. Devo dizer que de uma forma geral, foi um discurso realista, apropriado à data e ao momento complicado que se vive em Portugal, mas houve um ponto que me deixou preocupado com o estado de ligeira amnésia do Prof. Cavaco Silva:

"Ao evocar esses dias de sonho e de esperança, lembro-me sempre daquele cartaz em que uma criança colocava um cravo no cano de uma espingarda. A carga simbólica desse cartaz é iniludível e vale a pena questionarmos: como cresceu aquela criança? Como crescem os milhares de crianças portuguesas? Será que estamos a tratar bem as novas gerações?Preocupam-me os casos de crianças vítimas de negligência e de maus-tratos físicos e psicológicos, que regularmente são objecto das notícias dos órgãos de comunicação social. Reparo no número de processos instaurados pelas instituições vocacionadas para a sua protecção. Ouço o testemunho do cidadão anónimo ou do técnico que lida diariamente com estes casos e não posso deixar de reconhecer que essas mesmas crianças constituem o elo mais fraco dessa cadeia social que alimenta a exclusão. Na sua origem vamos encontrar, invariavelmente, a desestruturação familiar, os baixíssimos níveis de escolaridade dos pais e, de forma mais destacada, situações de dependência, com especial relevo para o alcoolismo."

Os pais de hoje (com 30, 35 anos), tinham entre 10 e 15 quando o actual Presidente da República, formou o seu primeiro governo (ficando por lá mais dez anos), ele governou um terço do nosso período democrático, o tempo que é o maior juíz aponta-o como um dos principais responsáveis pela situação em que se encontra Portugal. Também uma nota de repúdio para aqueles que da mesma forma que não aplaudiram a tomada de posse de Cavaco Silva, hoje repetiram o episódio não aplaudindo o discurso do PR, o que não dignifica as conquistas de Abril que Comunistas, Bloquistas e Verdes tanto defendem, é uma atitude deplorável, e de certa forma anti-democrática.
Depois deste "pequeno" episódio e de um almoço retemperador, fui conhecer o Palácio de S.Bento que abriu hoje as suas portas a todos os cidadãos entre as 15 e as 18 horas, mantendo uma tradição que vem de 1996. Foi um fim de jornada muito agradável, visitando os jardins e o palácio ao som da Banda da Força Aérea, e com a animação de vários elementos do Chapitô.

Que esta data não seja esquecida, e que possamos transmitir aos nossos filhos as conquistas de 1974, a 25 de Abril.

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